Autocarros ateus motivam queixas

A existência ou não de Deus poderá ter que ser analisada pela Advertising Standards Authority (ASA), que delibera sobre os padrões éticos da publicidade britânica.
A campanha dos autocarros ateus no Reino Unido continua a dar que falar.
Desde que o projecto arrancou na terça-feira passada, com a mensagem “Deus provavelmente não existe. Agora deixa de te preocupares e goza a tua vida”, a ASA recebeu dezenas de queixas.
A campanha abrange 800 autocarros em diversas cidades do país, e ainda mil painéis na linha do Metro.
Muitos dos queixosos consideram o anúncio ofensivo, mas outros reclamavam da veracidade da frase. “Se vão fazer uma declaração factual deste género, têm de a poder sustentar. Têm de poder provar a proposição de que Deus, provavelmente, não existe”, reclama Stephen Green, um activista cristão.
O comentador e jornalista católico Clifford Longley também enviou uma reclamação para a ASA. Segundo Longley “a afirmação de que “Deus provavelmente não existe”, que se pode ler nos autocarros para além de não ser verdade, não é honesto, porquanto a palavra “provavelmente” não reflecte de maneira alguma o verdadeiro estado da discussão científica”.
Longley prossegue com uma listagem de documentação e argumentos de cientistas proeminentes que concluem que uma análise rigorosa da complexidade do universo conduz à dedução de que muito provavelmente toda a realidade foi ordenada de forma intencional e cuidadosa.
No centro deste argumento está a teoria do Princípio Antrópico, que argumenta que o universo está estruturado de forma a beneficiar a emergência do homem racional. Por exemplo, segundo os cientistas, se a carga do electrão fosse sequer um bocado diferente, a existência de vida, ou sequer de matéria, seria impossível.
A ASA tem agora que decidir se aceita ou não analisar este caso, sabendo que qualquer decisão poderá ser vista como apoio a um dos dois campos em disputa, crentes contra ateus, juntando-se assim a uma longa lista de personalidades e instituições que procuram chegar a uma conclusão sobre a existência ou não de Deus.
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