terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

"Enfraquecimento da fé" está na raiz de abusos sexuais, diz Papa

"O enfraquecimento da fé contribui de modo significativo para o fenômeno do abuso sexual de menores". Este é um trecho do comunicado divulgado hoje pelo Vaticano, ao final do encontro de dois dias entre o Papa Bento XVI, 24 bispos irlandeses e outras autoridades da Igreja.

A reunião serviu para discutir os dados do relatório da "Comissão Murphy", que apontou casos de abuso sexual infantil cometidos por sacerdotes na Irlanda, durante quase 70 anos, entre 1930 e 1990.

De acordo com o comunicado, Bento XVI "insistiu na necessidade de uma reflexão teológica mais aprofundada sobre a questão no seu conjunto". E pediu uma sólida preparação humana, espiritual, acadêmica e pastoral aos candidatos ao ministério presbiteral ou à vida religiosa – assim como aos já ordenados ou professos.

Para o Papa, "o abuso sexual de crianças e jovens não é apenas um crime abominável, mas também um grave pecado que ofende a Deus e fere a dignidade da pessoa humana criada à sua imagem".

O Vaticano disse também que os bispos irlandeses se comprometeram em cooperar com as autoridades civis nas investigações sobre o escândalo.

A reunião teve início na segunda-feira, 15, e encerrou-se nesta terça-feira, 16.

Crítica ao relatório
Em artigo publicado no Jornal Diário do Comércio (Jornalistas contra a aritmética, 5 de junho de 2009), o jornalista e filósofo brasileiro Olavo de Carvalho critica os números do relatório da "Comissão Murphy".

O autor recorre a cálculos matemáticos para embasar a crítica:

"1) A comissão disse ter obtido os dados entrevistando 1.090 homens e mulheres, já em idade avançada, que na infância teriam sofrido aqueles horrores.

2) Os casos ocorreram em aproximadamente 250 instituições católicas, do começo dos anos 30 até o final da década de 90.

Se o leitor tiver a prudência de fazer os cálculos, concluirá imediatamente, da primeira informação, que cada vítima denunciou, além do seu próprio caso, outros onze, cujas vítimas não foram interrogadas, nem citadas nominalmente, e dos quais ninguém mais relatou coisíssima nenhuma. Do total de doze mil crimes, temos portanto onze mil crimes sem vítimas, conhecidos só por alusões de terceiros. Mesmo supondo-se que as 1.090 testemunhas dissessem a verdade quanto à sua própria experiência, teríamos no máximo um total de exatamente 1.090 crimes comprovados, ampliados para doze mil por extrapolação imaginativa, para mero efeito publicitário".

O jornalista ainda avança na ánálise: "Da segunda informação, decorre, pela aritmética elementar, que 1.090 casos ocorridos em 250 instituições correspondem a 4,36 casos por instituição. Distribuídos ao longo de sete décadas, são 0,06 casos por ano para cada instituição, isto é, um caso a cada dezesseis anos aproximadamente".

http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=275537

Nenhum comentário: