quarta-feira, 24 de março de 2010

Campanha ateísta na visita do Papa

Movimento ateísta não quer polémica, mas alerta para uso do dinheiro dos contribuintes na visita de Maio.

Nem todos os portugueses estão radiantes com a visita do Papa Bento XVI a Portugal, garantem os ateus portugueses. E, para mostrar isso mesmo, o Portal Ateu - Movimento Ateísta Português (PAMAP) e o grupo dos Encontros Ateístas e Humanistas de Lisboa vão promover um encontro para pensar em formas de protesto contra a visita do líder da Igreja Católica, planeada para Maio.

Por enquanto, podem não ser mais de uma mão-cheia de pessoas, mas querem fazer-se ouvir. Ricardo Silvestre, um dos fundadores do PAMAP, explica que esta é uma reunião de preparação. "Uma das ideias em cima da mesa é fazer e colocar um ou dois cartazes de promoção do ateísmo, em Lisboa, ou no caminho para Fátima, durante a visita do Papa", explica.

Aliás, a PAMAP já iniciou no seu fórum online um pequeno concurso para criar e seleccionar uma frase para pôr num cartaz. "Deus existe? Afirmações extraordinárias exigem provas extraordinárias", do astrofísico Carl Sagan, e "Ter fé é acreditar em algo que sabemos que não é verdade", do escritor Mark Twain, são duas das preferidas de Ricardo. "A maior dificuldade é arranjar dinheiro para pagar estas iniciativas", admite.

Por isso, vão reunir-se no dia 24 para decidir que iniciativas têm condições para avançar e quais são consensuais. Até porque não querem antagonizar os crentes: "Queremos fazer uma crítica justa, mas não entrar em polémicas." Afinal, "trata-se da visita de um chefe de Estado, que deve ser recebido como tal". Mas tudo que vá além disso não deve ser feito com dinheiro dos contribuintes, conclui.

Para Miguel Duarte, da organização dos Encontros Ateístas e Humanistas de Lisboa, esse é mesmo o ponto mais importante. O "principal objectivo é garantir que não há a tentação de usar dinheiros públicos na organização da visita de Bento XVII", diz. Uma questão que está a causar polémica em Inglaterra, país que o Papa irá visitar em Setembro. Sobretudo, depois de este ter criticado um projecto destinado a proteger homossexuais de discriminação.

"O ideal seria conseguir organizar uma pequena manifestação, à semelhança do que aconteceu em Londres", diz Miguel Duarte, embora a posição não seja consensual. Para este ateu, o desagrado com a visita do Papa prende-se também com "o posicionamento da Igreja" em questões como o aborto, o uso do preservativo ou a discriminação dos homossexuais. "Posições que acabam por ser também um envolvimento na política que não consideramos legítimo", conclui.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1518702

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