sábado, 15 de maio de 2010

Instituto sequencia 60% do genoma do Neandertal com pó de osso

Cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, conseguiram, após quatro anos, sequenciar 60% do genoma do homem de Neandertal, que desapareceu do planeta há 30 mil anos. De acordo com o instituto, análises iniciais dos quatro bilhões de pares do DNA dos Neandertais indicam que eles cruzaram com humanos e deixaram sua marca no genoma do homem moderno.

Segundo os cientistas, o sequenciamento é baseado na análise de cerca de 1 bilhão de fragmentos de DNA de diversos ossos de Neandertais encontrados na Croácia, Rússia e Espanha, além do Neandertal original, encontrado na Alemanha. A maior parte da análise se deu sobre 400 mg de pó de osso de três fêmeas que viveram há 38 mil anos onde hoje fica a cidade croata de Vindija. Os pesquisadores ainda desenvolveram meios de distingui-los dos DNAs de micróbios que viviam nos ossos ao longo de 40 mil anos.

A análise inicial indica que, ao contrário do que muitos pesquisadores acreditavam, humanos e Neandertais cruzaram e, entre 1% e 4% do DNA dos humanos modernos é originário dos Neandertais. "Aqueles que vivem fora da África carregam um pouco do DNA Neandertal em si", diz Svante Pääbo, que liderou a pesquisa.

Os cientistas chegaram a essa conclusão após comparar o genoma com o de pessoas que vivem na Europa, Ásia e África. Eles descobriram que aqueles que vivem fora da África estão mais próximos dos Neandertais do que quem vive no continente, o que sugere uma contribuição do DNA do Neandertal dos não-africanos, sejam eles originários da Europa, leste asiático ou Melanésia. O surpreendente é que não há vestígios de que eles tenham chegado ao leste da Ásia, eles viveram apenas no continente europeu e oeste asiático.

Os cientistas acreditam, portanto, que esse cruzamento tenha ocorrido antes que o homo sapiens tenha se dividido em diversos grupos na Europa e Ásia, provavelmente em um período entre 100 mil e 50 mil anos antes da população humana se propagar para o leste da Ásia. Achados arqueológicos indicam que os Neandertais e os humanos viveram no mesmo período no Oriente Médio.

Diferenças
Outro ponto no qual os pesquisadores se focaram foi nas diferenças entre o homem moderno e o parente extinto. Ao comparar os genomas, eles identificaram diversos genes que podem ter sido importantes na evolução humana, como aqueles relacionados às funções cognitivas, metabolismo e o desenvolvimento do crânio, clavícula e das costelas. Contudo, os cientistas afirmam que novas análises devem ser feitas para se tirar conclusões sobre a influência desses genes.

http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4418215-EI8147,00-Instituto+sequencia+do+genoma+do+Neandertal+com+po+de+osso.html

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